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Inteligência artificial no TCC: aliada ou inimiga da formação acadêmica?
Nem sempre o caminho mais fácil é o melhor para se alcançar um resultado satisfatório.

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Há um medo silencioso circulando pelas salas de aula, bibliotecas e grupos de WhatsApp dos universitários: o de ser substituído — não por outro aluno, mas por uma máquina. Com a ascensão meteórica da inteligência artificial, muitos estudantes agora se perguntam: será que ainda vale a pena suar a camisa para escrever um TCC, se o ChatGPT faz em 20 minutos?

A resposta, direta e humana, é: sim, vale — e mais do que nunca.

orque o verdadeiro valor do trabalho de conclusão de curso nunca esteve apenas na entrega final. Está no caminho. Na construção. Na transformação do aluno em pesquisador. E é justamente aí que a IA entra — não como substituta, mas como ferramenta auxiliar, se usada com consciência, critério e, sobretudo, responsabilidade.


Criar um artigo do zero com IA? Um atalho que leva a lugar nenhum

É tentador imaginar que, com um comando bem escrito, a IA pode gerar um artigo científico completo, com introdução, objetivos, metodologia e conclusão. E, tecnicamente, ela faz. Mas o resultado? Um texto genérico, sem alma, sem profundidade e, o que é pior, sem autoria real.

Escrever um trabalho acadêmico do zero com IA é como tentar cozinhar um prato gourmet com instruções de um algoritmo que nunca provou sal. Pode parecer bom à primeira vista, mas falta sabor, intenção e propósito. E, no fim das contas, quem perde é o próprio estudante — que deixa de desenvolver habilidades essenciais: pensamento crítico, organização de ideias, capacidade de argumentação.

O TCC não é só um documento. É um rito de passagem. E ritos não podem ser automatizados.


Mas e se a IA for usada com inteligência?

Aqui é onde a história muda. Porque a inteligência artificial, quando usada com sabedoria, pode ser uma grande aliada no processo criativo — especialmente naqueles momentos em que a mente trava, o bloqueio é total e o prazo está se esgotando.

Imagine isso: você tem um monte de ideias soltas sobre seu tema, mas não consegue organizá-las. Em vez de pedir “faça meu TCC”, você pergunta:

“Organize essas ideias em tópicos lógicos para um capítulo teórico sobre políticas públicas em saúde mental.”

Resultado? Um esqueleto claro, coerente, que você pode refinar, questionar e aprofundar. A IA não escreveu por você — ela só ajudou a colocar a bagunça em ordem.

Ou então: você precisa de um diagrama visual para explicar um modelo conceitual. Comandos simples como:

“Crie um fluxograma mostrando as etapas da pesquisa qualitativa”
podem gerar estruturas que facilitam o entendimento — e até mesmo a explicação em defesas orais.

E no campo da escrita? A IA pode ajudar a paráfrasear um trecho difícil, ajustar a clareza de um parágrafo ou sugerir sinônimos para evitar repetições. Tudo isso, claro, com supervisão humana.


O grande perigo: a farsa das referências falsas

Mas aqui vem o ponto mais delicado — e perigoso.

Se você pede à IA:

“Cite autores sobre educação inclusiva”
— sem especificar quais —, ela inventa referências. Com nomes de autores plausíveis, títulos convincentes, até anos e editoras. Tudo falso. Tudo fabricado. E tudo com cara de verdade.

É o que os especialistas chamam de “hallucinação algorítmica”: a IA não mente de propósito. Ela apenas supõe padrões com base no que já viu. E, se não for corrigida, pode levar um aluno a citar um livro que nunca existiu, invalidando todo o trabalho.

E não há correção que salve um TCC com referências falsas. É como construir uma casa sobre areia movediça.


A verdadeira fonte de conhecimento ainda está no mundo real

Felizmente, vivemos na era do acesso livre ao conhecimento. Plataformas como o Google Acadêmico, o Portal de Periódicos da CAPES, o Dialnet e os repositórios das próprias universidades oferecem milhões de artigos, teses e livros reais, confiáveis e gratuitos.

Por que inventar referência se você pode citar Boaventura de Sousa Santos, Lélia Gonzalez, Pierre Bourdieu ou Djamila Ribeiro — com segurança, ética e profundidade?

A IA não precisa inventar nada. Ela pode, sim, ajudar a resumir um artigo longo, traduzir um trecho em inglês ou sugerir palavras-chave para sua busca. Mas a fonte deve vir de você, do seu esforço, da sua curiosidade.


O futuro da pesquisa acadêmica: humanos com apoio de máquinas

O que está em jogo não é apenas a validade de um trabalho, mas a formação de um profissional crítico, ético e autônomo.

A inteligência artificial veio para ficar. Mas seu papel não é assumir o lugar do estudante — é ampliar sua capacidade de produzir conhecimento com mais clareza, organização e eficiência.

O segredo? Usá-la como um lápis inteligente, não como uma máquina de pensar por você.

Dissertações CAPES(1)

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